domingo, março 27, 2011

Carta-Aberta Reflexiva

Caros leitores,


todos nós temos sonhos e desejos, ou de uma outra forma, objetivos e metas ao longo de nossas vidas ( não consegui definir o sentido real destas quatro palavrinhas no momento em que escrevo). Eu, resolvi num determinado dia de minha vida adentrar ao mundo da interpretação teatral. Havia já um longo período de tempo no qual eu concluíra o ensino médio e ainda não conseguira ser aprovada nos vestibulares feitos até então. Estava sem estudar, realizando apenas 'bicos' para o Instituto de Pesquisas de Opinião Pública do Estado do Piauí. Era o ano de 1996 salvo engano. Lendo o jornal local me deparei com um anúncio de uma oficina teatral que seria realizada pela atriz Lorena Campelo no prédio do Museu do Piauí. Embarquei neste sonho-desejo-objetivo-meta ou seria apenas CURIOSIDADE/VONTADE ?! Puxa, nem consigo descrever o que senti estando pela primeira vez na capital com o fazer teatral. Posso resumir em : eu estava me sentindo de bem comigo mesma. Acho que consegui reviver meus anos de teatrinho do colégio e da igreja ( sempre fui muito participativa), não querendo dizer que a oficina era como esse tipo de teatro de escola, é só uma maneira de me expressar à vocês. Foram tempos bons. Em seguida, quase um ano após o término da oficina, recebo o convite de indicação de Lorena Campelo para participar do processo seletivo da montagem que estava sendo realizada na cidade pelo diretor-ator Tarciso Prado. Seria o Auto de São Francisco. Texto lindo. Identifiquei-me de cara com a história de São Francisco pois sou natural de Piripiri e estudei num colégio de freiras e o santo é muito Adorado por aquelas bandas pelos romeiros de Canindé.
Foi lá que conheci gente de teatro como Laila Cadah, Gualberto Jr., Tersandro Villela (que viria a ser um dos meus melhores amigos na vida) e o diretor-ator Wilson Sousa que futuramente viríamos a ser parceiros de teatro.
Aquele elenco que contava com mais de vinte integrantes me deixava inebriada de alegria. Eram alegres, espontâneos, dedicados. Tudo ali me fazia muitíssimo bem... Suspiro... Acho que naquele momento eu havia sido infectada pelo vírus-do-teatro. 
Meses depois foram canceladas as atividades por falta de recursos que provinham do Estado. Que pena! 
Passado alguns meses novamente recebo o telefonema de Lorena Campelo para participar da oficina que seria realizada agora na sede do Grupo Raízes. Até então eu desconhecia a história do Teatro Piauiense.
Para minha felicidade conheci mais atores e atrizes da capital. Eram eles Carmem Carvalho, Cláudia Amorim, Lari Sales, Wilsinho, Edite Rosa( já nos conhecíamos da oficina anterior), Antoniel Ribeiro, Gardiê Silveira, Zezinho Ferreira, Lobão, Edna, Roberto Portela e tantos outros e o diretor-ator Lívio Bastos com o qual eu viria a ter um relacionamento de onde nasceriam minhas filhas Isabele e Flávia, eu já tinha minha primogênita Ana.
Após essa oficina o grupo se manteve unido tentando concretizar montagens teatrais que foram ao longo do tempo não acontecendo até que foi dado início aos ensaios do Auto do Corisco dirigida pelo diretor-ator Chiquim Pereira. O destino resolve dar as caras na minha vida e me afasta da peça por motivos pessoais. 
Daí, foi dada uma nova fase em meu 'fazer teatral'. Agora eu faria parte do Grupo Teatral Kimulengo's dirigido e atuado por mim e pelo Lívio Bastos diretor do grupo. Foram diversas montagens. Do infantil ao drama adulto, passando pelas mais diversas experiências compartilhadas com outros grupos como é o caso da Assossiação de Teatro Circo Negro, de onde eu viria a tomar consciência do significado do estudo aprofundado do ser ator, estudando e pesquisando em diversos livros relativos à área das artes cênicas. Foi de fundamental importância esse processo. Foi daí que aprendi muito, e pude profissionalizar o meu trabalho. Estava me firmando como uma profissional da arte. Mas, antes um pouco nessa linha do tempo eu havia tido uma outra experiência aprofundada dos estudos, foi no TEU-UFPI que conheci atores que eram subvencionados pela instituição para realizarem atividades de artes cênicas. Eram eles: Tércia Maria, Maria Lúcia, Edilúcia, Jesus Viana, Fernando Freitas, Luís, Cristiano e mais alguns que me foge da lembrança os nomes. 
Quero abrir um parêntese aqui, pois antes de seguir adiante preciso falar um pouco desses últimos momentos que citei acima. A Associação Circo Negro era para mim a arte da integração no fazer teatral, explico o por quê. Eles conseguiram me mostrar a verdadeira arte de ser um ator. Foram eles com seus estudos diários e constantes que me colocaram frente ao questionamento pessoal do motivo de ter escolhido essa arte   
para tomá-la assim de gosto, se é que estou conseguindo ser entendida ?! 
E o Grupo TEU me proporcionou descobrir se realmente o caminho que eu havia tomado a quatro anos atrás era o que teria real significado em minha vida como aspirante à carreira de atriz.
Esse são dois pontos fundamentais em minha escolha.
Mas o destino me tomou de surpresa nooovamente . Meu relacionamento amoroso andava às migalhas...
Por esse motivo fui afastada do 'fazer teatral' mais uma vez.
Após um período de hibernação, retornei às atividades agora com meus projetos pessoais, pois o fato de ter me mantido afastada do círculo do teatro me impôs a condição de enfrentar agora com minha vontade própria. Encarei com a ajuda de minha família que desde o fim do meu relacionamento amoroso se apegou a mim de uma maneira potencializada e isso foi o que mais me motivou no sério.
Era um recomeço, e dele frutos nasceram, e além disso os meus antigos colegas me abraçavam novamente. Fui atraída por eles. e me aproximei com muito gosto. 
Os tempos eram outros. Eu havia amadurecido um pouco mais, haviam projetos financiados sendo executados por muita gente do teatro, precisava ser tomado rumos novos. E lá estava eu feliz da vida novamente me sentido bem comigo mesma. Ahhhhhhhhh...eu conseguia respirar a interpretação nos palcos...
Enfim, essa nova estrada me levava a vários grupos diferentes e parecia que tudo estava indo de vento em polpa. Muitos projetos e até uma escola técnica se aproximava.
Eu já me relacionava com muita gente. Daqui de Teresina, de grupos de outras cidades. E os convites não paravam. Tenho que deixar clar agora que eu não era de grupo nenhum. Estava sendo atriz-convidada de vários grupos e, foi essa fase que me afastou do 'fazer teatral'. É verdade. Hoje páro e reflito que essa forma que escolhi foi a pior que eu podia ter abraçado. Não havia o compromisso como dantes, eu não conseguia sentir aquele mesmo gostinho dantes, era tudo muito artificial. E eu comecei a me sentir mal. Muito mal mesmo.
Por fim, esse estar-mal comigo mesma me afastou da atividade teatral repentinamente. Diria numa última consderação, para finalizar, estou entrando numa fase de "resguardo da arte" e somo a isso tudo mais uma vez a força do destino. Estou do lado da minha família completamente. E isto é o que mais me interessa neste momento tão especial.
Obrigada à você que leu até aqui. É uma carta-aberta abrindo meu coração a quem interessar.
P.S. Sou muito grata por todos que conheci ao longo do 'fazer teatral'.
Feliz Dia do Teatro e do Circo. 27/03/2011.
Sandra FArias 


 

sexta-feira, março 11, 2011

Aconteceu comigo. E contigo, já aconteceu algo assim?

Hoje lembrei de um fato inusitado que me aconteceu.
Eu já estive num enterro errado. Melhor explicar. Eu fui a um enterro que supostamente seria um conhecido meu.
De repente estou em casa e minha mãe vem me dizer que tinha acabado de ver na tv que alguém do meio teatral havia falecido. Quem mãe ? pergunto. Sei lá...um tal de ...suposto nome do conhecido...Que susto levei eu. Tratei de me arrumar pegar mais detalhes com ela e me apressando para ir ao dito enterro. Fui lembrando da pessoa o tempo todo. Puxa vida, mas como ? Assim, tão drasticamente ?
Cheguei lá e de cara  vi logo um dos nossos amigos, ele vinha arrasado. Fiz-lhe um aceno, ele retribuiu. É, era verdade. Lá fui eu, bem no instante que estavam abaixando o caixão para dentro da cova, lágrimas vieram rapidamente, choro compulsivo. As pessoas perceberam e perguntaram se eu queria dá um último adeus, lá fui eu me debruçar no caixão de "suposto conhecido". Chorei, olhei rapidamente para o rosto. Estava irreconhecível. Que fatalidade, meu Deus.
Ofereceram uma carona. Eram alguns amigos dele. Eu não os conhecia. Aceitei. Viemos conversando. Eu lembrando de tantas histórias e eles achando minhas histórias um tanto estranhas. Eles perguntavam, eu não sabia disso sobre ele não, será que estamos falando da mesma pessoa. E eu confirmava. Louca, cega, vivendo uma triste lembrança. E assim foi todo o percurso da carona. Desci e agradeci.
Lembrei que estava marcado um evento de teatro muito importante na cidade. Deviam ter desmarcado, pensei. Mas, assim mesmo fui conferir. Estavam todos lá. Que coisa. Acho que resolveram fazer em homenagem a ele. Entrei. Fui de cara falar com um amigo meu, e dar um longo abraço em comunhão com sua "suposta, também, tristeza". Ele me olhou um tanto admirado e falou : Sandrinha você está assim por causa de uma pessoa que você nem conhecia direito ? Como assim ? Ele era seu amigo ? Claro que sim. Você deve tá brincando...o "nome do suposto falecido", era nosso amigo. Ele desatou a rir. E, para completar minha tamanha falta de atenção, deu notícias a todos ali pertinho que eu tinha ido ao enterro do "nosso amigo ...nome do suposto falecido". Todos desataram a rir de mim, eu feito uma boba , num misto de felicidade e arremate de vergonha por ter pagado mico, fiquei.
E você, já passou algo assim?