terça-feira, agosto 10, 2010

Brasileiro lê menos que há dois anos


Pesquisa realizada pela Fecomércio-RJ revela que aumentou a parcela de pessoas desinteressadas em atividades culturais

22 de fevereiro de 2010
0h 00



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Ubiratan Brasil - O Estadao de S.Paulo



HÁBITO CONDENADO - Maioria das pessoas (60%) respondeu não ter o costume de ler, enquanto 22% confessam não gostar: assistir à TV é o passatempo preferido dos brasileiros





O brasileiro hoje lê menos livros, visita menos exposições de arte e assiste a menos espetáculos de dança que em 2007. A queda foi detectada em uma pesquisa realizada pela Fecomércio do Rio de Janeiro, cujo objetivo é o de mensurar os hábitos de lazer relacionados à cultura. Em compensação, as pessoas aumentaram sua ida ao cinema e mantiveram o mesmo índice de visita ao teatro e aos shows de música.



O levantamento teve alcance nacional e foi realizado em mil domicílios situados em 70 cidades, incluindo 9 regiões metropolitanas. As apurações, realizadas em dezembro tanto no ano passado como em 2007, buscavam entender a visão da população sobre atividades culturais de lazer e os motivos que a levam a procurar por essas atividades. Também interessou descobrir a avaliação dos consumidores sobre sua participação no ambiente cultural.



As conclusões não foram animadoras. Para a questão a respeito do hábito cultural, como ler um livro, assistir a um filme no cinema, visitar exposições, ir ao teatro e a espetáculos de dança, 60% das pessoas responderam não ter praticado nenhuma daquelas atividades (em 2007, a cifra era de 55%). Motivo: falta de hábito ou gosto.



Já entre aqueles que desfrutaram ao menos um dos hábitos, a maioria (ou seja, 23%) disse ter lido um livro. A leitura, porém, parece estar cada vez mais em desuso pois, dois anos antes, a mesma atividade era confirmada por 31% das pessoas consultadas. A partir dessas cifras, a pesquisa buscou dissecar os motivos daquela queda: 60% das pessoas responderam não ter o hábito da leitura, enquanto 22% foi direta, afirmando não gostar de ler. A restrição econômica não aparece como determinante, uma vez que apenas 6% confessaram não ter como pagar pelos livros.



O teatro enfrenta situação semelhante, pois 38% das pessoas disseram não ter o hábito de frequentar as salas de espetáculo, enquanto 27% garantiram não gostar de assistir a uma peça teatral.



Quais seriam, então, os hábitos culturais dessas pessoas? As respostas não foram surpreendentes - 68% dos entrevistados declararam-se espectadores da TV, enquanto 14% preferem ir à Igreja ou a algum culto religioso. Encontrar amigos e parentes em um churrasco ou em um almoço é o hábito de 12%. Ir a barzinhos foi a resposta de 9%, enquanto futebol é a preferência de 8% dos entrevistados. Finalmente, ir a restaurantes foi a resposta dada por 4%.



Se pudessem escolher entre as atividades apresentadas, a maioria das pessoas (22%) preferiria ir ao cinema, acompanhada de perto por aqueles que ambicionam ir a um show musical (21%). Curiosamente, 17% dos consultados revelaram desinteresse por todas as opções. Depois de analisar os dados, Orlando Diniz, presidente do Sistema Fecomércio-RJ, respondeu às seguintes questões.



Para resolver o problema do baixo índice de leitura no País seria preciso uma política pública ampla, que ataque várias questões relacionadas ao tema? Ou seja, mais incentivos do governo na educação e na construção de mais bibliotecas?



A opção "ler um livro" aparece no topo do ranking de preferências dentre a minoria que usufruiu pelo menos uma das atividades culturais listadas na pesquisa. A preferência pelo livro encontra justificativa pelo fato de ele estar mais ao alcance da população e ter o benefício de permitir uma ampla circulação de um mesmo produto. Pelo levantamento da Fecomércio-RJ, se compararmos a parcela de brasileiros que leem com os que vão ao teatro, ao cinema, a um espetáculo de dança, uma exposição ou a um show é possível observar que, apesar de baixo, o brasileiro opta pela leitura dentre todas atividades de lazer cultural citadas na pesquisa. A pesquisa nos inclina a pensar que as ações devem ser desenvolvidas no sentido de criar o hábito e desenvolver o gosto das próximas gerações por atividades culturais. Segundo o IBGE, 89,1% dos municípios brasileiros possuem bibliotecas públicas. A meta é repensar o papel da cultura numa sociedade moderna que não considera lazer cultural como uma forma de entretenimento.



Sobre o preço, a reclamação do leitor reflete a tese de que o livro não ocupa um papel fundamental na nossa cultura e economia?



O levantamento mostra que há uma inércia em relação à cultura que não passa necessariamente pela questão do preço, mas pela falta de hábito. Tanto que o porcentual de brasileiros que não leem porque é caro (2%) aparece como o quinto motivo, bem depois de "não tenho o hábito" e "porque não gosto". Isso nos leva a crer que a questão é intergeracional - em geral, os pais não têm o hábito de frequentar "ambientes culturais", como museus, cinema ou teatro, e, por isso, não estimulam os filhos.



Se um trabalho coerente e de eficácia garantida fosse iniciado hoje, é possível prever quando o índice atingiria números aceitáveis?



Não é possível fazer uma previsão desse tipo porque a eficácia vai depender da recepção do público que, como já vimos, passar por uma questão intergeracional. É preciso uma ruptura com os paradigmas, um esforço nacional de longo prazo para interromper a inércia da falta de incentivo aos hábitos de cultura, nesse caso de leitura. Afinal, para gostar, é preciso conhecer, e a valorização de hábitos culturais tem de começar cedo.



Em Números





LEU ALGUM LIVRO

23% (2009) contra 31% (2007)



ASSISTIU A ALGUMA PEÇA OU ESPETÁCULO DE TEATRO

6% (2009) ante 6% (2007)



VISITOU ALGUM TIPO DE EXPOSIÇÃO DE ARTE

4% (2009) contra 8% (2007)



FOI AO CINEMA

18% (2009) contra 17% (2007)



FOI A ALGUM TIPO DE SHOW DE MÚSICA

20% (2009) ante 20% (2007)



ASSISTIU A ALGUM ESPETÁCULO DE DANÇA

4% (2009) contra 7% (2007)





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1 Raimundo Lulio

31 de março de 2010
12h
12Denunciar este comentário
A televisão é maior maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.O brasileiro gosta de viver espojado na ignorância, é um povinho que se orgulha da própria burrice, por conta disso, seremos eternos terceiro mundistas...só o conhecimento pode nos livrar da ignorância e da miséria!

Repare-se Denunciar  este comentário... Alguém se habilita?
Ontem fui assistir à uma peça teatral gênero infanto-juvenil, realizada gratuitamente à população, por motivo de fazer parte da programação do aniversário de Teresina, no bairro Dirceu. Pura decepção. O público deste imenso bairro, não compareceu. Motivo aparente : novela das Seis, enquanto isso : as crianças deviam estar ou no meio da rua brincando ou sabe lá fazendo o quê?!

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